Freud foi o inventor da Psicanálise, uma prática de tratamento de problemas psíquicos que opera por intermédio do principio que ele isolou em sua clínica: a experiência de fala. Certamente que ele não foi o primeiro a ter se apercebido da importância da fala para os humanos, definidos já por Aristóteles2 como seres capazes de logos. Em contraposição à psiquiatria e à neurologia de sua época, Freud pôde mostrar que o sintoma nada mais era do que a expressão somática – isso ele formula a respeito do histérico – de uma sequência linguageira. A decifração da frase, como um criptograma enunciado na fala, indicava a originalidade de descoberta de como dissipar o sintoma. Tocava-se então na função primordial da fala e seus poderes. O sintoma psicanalizável se caracteriza por ter uma estrutura idêntica a da linguagem tal como ela é falada, com incidências sobre fenômenos marginais como os sonhos, os lapsos e os chistes, assim como sobre os sintomas que se estruturam na forma de neuroses. O psicanalista é alguém a quem se fala e se fala livremente. Lacan, propondo um retorno à invenção de Freud, insiste em lembrar a simplicidade desta experiência, interrogando-se sobre o que constituiria a fala e sua função em psicanálise.
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